Título: Cidades
Mortas
Autor: Monteiro Lobato
ISBN: 9788525046253
Páginas: 192
Ano: 2007
Editora: Globo
Resenha
Continuando a leitura de contos do
escritor Monteiro Lobato, o livro Cidade Mortas traz criticas e estórias
cômicas das pequenas cidades do nosso Brasil. Podemos dizer que o livro se
divide em duas partes: a primeira possui cunho crítico aos vilarejos aqui
denominados Itaoca. Estas críticas são por sua rotina tranquila, com poucos
acontecimentos e quando algo ocorre, ele é relembrando e
discutido pelos moradores durante anos. O primeiro ponto que marcou minha
leitura foi o conto “A vida em Oblivion” em que o autor descreve que a cidade
possuía três livros e que ali se instalava toda a literatura que a população da
mesma conhecia.
As criticas são interessantes, embasadas e fazem muito sentido, ainda mais para mim, que sou arquiteto. Outro ponto
focado em alguns contos é a quebra da bolsa de valores devido à queda da compra
do café, assim deixando várias propriedades fantasmas abandonadas por conta das
dívidas de seus antigos proprietários. O livro descreve elementos da cultura
cotidiana ainda encontrada em alguns lugares mais isolados de nosso país, é de
certo modo envolvente ler algo de cerca de 90 anos de idade e achar pontos
contemporâneos nele.
A segunda parte do livro se
concentra nas estórias cômicas, temos causos e acontecimentos peculiares que
fazer parte da nossa cultura. O conto “O Fígado Indiscreto” é uma ótima estória
de um sujeito que odiava de todas as maneiras comer fígado, porém na noite de
jantar na casa de sua pretendente o prato principal é essa carne. Várias
situações engraçadas acontecem e um final que fecha o conto de apenas cinco
páginas com chave de ouro.
Em certos momentos vemos uma
mescla da crítica em junção com o lado cômico, como é o caso de “O Espião Alemão”. Quando estourou a 1ª Guerra Mundial, uma pequena cidade se vê em posição
de alerta contra os “vilões” alemães, a confusão começa quando um andarilho é
pego na cidade e preso como suspeito de ser um espião inimigo. Ao interrogá-lo, não entendem seu alemão que apenas diz: “Ai
em Inglix”. O conto também traz mais algumas passagens cômicas e um final
inusitado fechando com uma crítica sobre o pensar de um povo mais simples
facilmente ludibriado.
A narrativa varia entre primeira e
terceira pessoa, utiliza um português da época, porém é de fácil
compreensão, as estórias não perdem por esse sentido. Alguns contos são um
pouco cansativos, mas por serem pequenos textos, eles logo são finalizados e se
tornam melhor após a leitura, quando “digerimos” a informação que foi
passada. Muitos outros contos compõem esse livro e todos possuem seu valor. Recomendo
a leitura deste exemplar, mais uma peça ótima de nossa literatura nacional.